A Netflix acaba de iniciar a sua grande ofensiva contra os utilizadores que partilham ilegalmente as suas passwords esta primavera, mas o co-CEO Greg Peters revela novidades sobre o assunto.
"Vamos continuar no negócio de partilha de passwords durante algum tempo", afirmou Peters, numa conferência da Goldman Sachs Communacopia + Technology em 2023.
De acordo com Peters, a Netflix "criou uma solução elegante" para abordar o problema de informar os utilizadores que estavam a usar a conta de outra pessoa que teriam de pagar pelo seu próprio plano (ou serem adicionados como "membros extra" por uma taxa adicional).
"Se estás a usar a Netflix emprestada, não vais ficar entusiasmado com a ideia de que te vamos cobrar", observou Peters. A Netflix testou e iterou continuamente os seus programas de partilha paga e a sua comunicação à medida que percebia como os consumidores estavam a reagir. "Sempre tivemos uma abordagem deliberada... para garantir que estávamos a aprender e a fazer bem", disse ele.
Para a Netflix, a clarificação da comunicação foi um componente chave, disse Peters. "Havia muita confusão sobre quais os casos de uso que estávamos a tentar prevenir", disse ele, acrescentando que a Netflix fez questão de informar os clientes de que é totalmente aceitável utilizar o serviço de streaming enquanto se viaja.
No segundo trimestre, a Netflix ganhou 5,9 milhões de novos subscritores líquidos, mais do que o dobro das expectativas de Wall Street, e a empresa espera adicionar cerca do mesmo número no terceiro trimestre. Um grande impulsionador foi a iniciativa de partilha paga da empresa, lançada em larga escala em mais de 100 países em maio. O gigante do streaming contava com 238,39 milhões de subscritores globais até ao final de junho.
Peters afirmou que as pessoas que utilizam passwords partilhadas caem em duas categorias: aqueles que partilham de forma casual (ou seja, que usaram a conta do namorado) e aqueles que partilhavam uma única conta por "razões económicas". Para a primeira categoria, "Assim que dissemos 'Tens de ter a tua própria conta', eles fizeram-no", segundo Peters. (A Netflix chama a esse novo subscritor uma "conta derivada".) Na segunda categoria, a Netflix criou várias abordagens de preços adicionais para "membros extra" para atender aos membros sensíveis ao preço que estavam a partilhar a sua conta. "Parte disso foi termos de encontrar um conjunto de soluções que resolvessem essas necessidades", disse ele.
Embora a implementação da partilha paga continue nos próximos anos, Peters afirmou que, no grande esquema das coisas, "considero isso uma situação mais transitória". Em comparação, a entrada da Netflix no negócio da publicidade "é um negócio de longo prazo, de várias décadas", onde a empresa precisa de atingir escala e introduzir os pontos de preço e funcionalidades certos para realmente "desbloquear o potencial da TV conectada", disse Peters.
Em julho, a Netflix eliminou a opção mais barata com anúncios (o plano Básico, $9,99/mês nos EUA) para novos membros nos Estados Unidos e no Reino Unido, numa tentativa de aumentar as subscrições para o serviço suportado por anúncios de $6,99/mês, bem como para o plano Standard de $15,49/mês sem anúncios.
Peters afirmou que a Netflix continuará a expandir a gama de funcionalidades e preços que oferece para atingir o mercado endereçável mais amplo possível. "Queremos, em última análise, ter uma ampla variedade de preços e ofertas", disse ele. "Queremos ser acessíveis para a grande maioria da população mundial.".
Peters foi nomeado co-CEO da Netflix - ao lado de Ted Sarandos - em janeiro de 2023, depois de Reed Hastings se ter afastado do cargo. Anteriormente, Peters, veterano de 15 anos da empresa, desempenhou as funções de chief product officer e chief operating officer.
Na conferência da Goldman Sachs, Peters afirmou que a transição para o cargo de co-CEO tem sido "relativamente tranquila e incremental", observando que trabalhou com Sarandos durante todo o seu tempo na Netflix.
