Na cidade Ein Karem em 1986 aconteceu um caso que chocou Jesusalém, Israel. Agora, mais recentemente a Netflix lançou a série "O Motivo", que voltou a colocar este caso nas bocas do mundo, que explora em detalhe um dos casos mais estranhos de Ein Karem.
A série narra a história de um jovem adolescente que matou toda a sua família numa noite de inverno em 1986. A série documental dividida em quatro episódios, pretende explorar em detalhe este acontecimento que ainda hoje choca muitos psiquiatras, e que pretende ajudar a resolver o caso e chegar ao fundo da questão. Já se passaram mais de 35 anos, e a verdade ainda é um mistério.
Como é que a família de Cohen morreu?
Como dono da família, Nissim Cohen, de 44 anos, era um oficial de reserva militar e um supervisor municipal quando, de repente, perdeu a vida. A sua amada esposa, Leah, tinha 40 anos, e as suas duas filhas, Anat e Shira, tinham 19 e 18 anos, respetivamente. Enquanto esta última estava na escola, a primeira participava nos treinos militares obrigatórios. A família Cohen parecia apenas mais uma simples família, vista coma normal no bairro de Ein Karem, em Jerusalém. No entanto, tudo mudou numa noite sombria e chuvosa em 1986.
Na madrugada de 22 de fevereiro, por volta da 1h30 da manhã, as autoridades responderam a uma chamada sobre vários tiros que se fizeram ouvir pela localidade, na qual vieram a descobrir uma cena horrível. Dentro da casa de Cohen, Nissim e Leah foram mortos a tiro enquanto dormiam na cama, e Anat e Shira foram encontradas com um destino semelhante no seu quarto no andar de cima. Os rostos das irmãs estavam desfigurados, enquanto que o de Nissim foi destruído porque a bala foi disparada diretamente para a sua cabeça. Leah morreu a caminho do hospital devido a uma ferida grave na cara.
Mas quem é que matou a família Cohen?
Assim que os investigadores chegaram ao local, encontraram a arma do crime - uma espingarda do exército, uma M-16 que pertencia a Nissim - deitada na mesa. Havia vestígios de sangue por todo o lado, e toda a casa era simplesmente arrepiante. As autoridades rapidamente descartaram a possibilidade de este ser um ataque terrorista, e uma vez que as mortes ocorreram em dois andares diferentes e sem qualquer objeto de valor perdido, a teoria do roubo foi eliminada também. Posteriormente, descobriram que o único membro da família sobrevivente estava bem e na casa de um vizinho.
Com apenas 14 anos, este jovem insistiu que tinha sido um roubo, mas quando um detetive explicou por que era improvável, o jovem confessou os homicídios. O rapaz alegou que quando o pai regressou do serviço, na quinta-feira, o ensinou usar a arma. Treinaram na sexta-feira, acrescentou, antes de terem um jantar em família, e depois acabaram a noite a ver um filme. Daí, um a um, foram para a cama, onde recordou o filme que tinha acabado de ver, ouviu sinos da igreja, e enfrentou um "monstro verde" que o ordenou a massacrar a sua família.
Após puxar o gatilho contra a sua família — de quem era alegadamente próximo — o adolescente trocou de roupa, foi para a varanda e saiu a correr a gritar "ladrão", de modo a alertar os vizinhos sobre o que tinha acontecido. A confissão dele levou-o para a prisão na mesma noite, onde foi acusado de quatro homicídios. Já na prisão, ele pediu livros para continuar os seus estudos, e como parecia completamente "normal" perante toda a situação, acabou por ser internado numa clínica de psiquiatria. As autoridades queriam saber se havia uma doença mental subjacente. No entanto, nada foi encontrado.
Eventualmente, apurou-se que o adolescente matou toda a sua família sem qualquer motivo. Não havia provas que sugerissem qualquer problema dentro da família de Cohen, ou de qualquer tipo de abuso físico, mental ou emocional. No entanto, considerando a sua idade e narrativa, o juiz não se sentiu confortável em tratar a adolescente como qualquer outro réu, apesar dos seus relatórios médicos limpos e QI elevado. Assim, conseguiu um acordo por homicídio e foi condenado a cumprir apenas nove anos de prisão.
Como e onde está a família de Cohen nos dias de hoje?
O assassino de 14 anos acabou por ser transferido de uma instituição juvenil para a prisão de Maasiyahu, em Ramle, Israel. Aqui tentou pedir liberdade condicional. Assim, ele conseguiu cumprir apenas dois terços da sua sentença, algo que foi justificado pela sua inteligência e comportamento atrás das grades. Apenas cumpriu seis anos da pena.
Portanto, o único membro sobrevivente da família, Cohen, teve a oportunidade de começar uma nova vida. Hoje em dia ele tem uma mulher e filhos. De acordo com os relatos, ele também ocupou um cargo sénior no setor financeiro durante anos, mas foi despedido quando o seu passado voltou a aparecer com esta série da Netflix. Apesar de terem passado décadas, o seu nome nunca foi tornado público, nem a razão pela qual foi para a cadeia.
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Esta é a história de Cohen que se passou no ano de 1986 em Ein Karem! Já tiveste a oportunidade de ver "O Motivo" na Netflix?